Espaço: A intervenção incidiu sobre a área ocupada pelo fosso Oeste da Cidadela de Cascais e Rua Humberto II de Itália.
Enquadramento: Os trabalhos de acompanhamento, escavação e registo, foram realizados no âmbito da construção do futuro Parque de Estacionamento da Cidadela, projectado para aquele local.
Objectivos: Abertura de sondagens de diagnóstico por intermédio de processos mecânicos; Levantamento fotográfico e gráfico do troço de “Muralha de Contra-Escarpa” ainda existente; e Acompanhamento arqueológico de todos os trabalhos de remoção e movimentação de terras.
Trabalhos: Os trabalhos realizados consistiram na abertura de duas valas de diagnóstico, a primeira das quais permitiu identificar a presença de dois paramentos na construção da Muralha de Contra-Escarpa; bem como no acompanhamento arqueológico dos trabalhos de movimentação de terras. Paralelamente, foi realizado o levantamento fotográfico e gráfico (à escala 1:20) da totalidade do troço de muralha ainda existente, bem como o seu levantamento 3D e um documentário em vídeo.
Materiais: No decorrer dos trabalhos não foi possível identificar material arqueológico de relevância, surgindo sobretudo materiais de construção contemporâneos.
Resultados: Na sequência dos trabalhos arqueológicos levados a cabo no antigo fosso Oeste da Cidadela de Cascais e área envolvente a esta, foi possível constatar que o muro em alvenaria de pedra calcária unida com argamassa de cal, que se encontrava a suster as terras do passeio, era na realidade parte da Muralha de Contra-Escarpa que rodeava a Cidadela, impedindo desse modo o acesso ao fosso. Ao longo da intervenção foi possível registar cerca de 90 metros de muralha, com alturas variáveis entre 1m e 3,70m. Nessa estrutura encontravam-se, à data de início dos trabalhos, e numa extensão de cerca de 63m, diversas namoradeiras e floreiras revestidas a azulejos pintados a azul, amarelo e branco, representando motivos florais (datados dos anos 20/30 do século XX), cuja construção terá destruído o topo da muralha. A abertura de uma vala de diagnóstico no extremo Norte dos vestígios de muralha ainda preservados, permitiu detectar e confirmar a continuação desta, bem como um segundo paramento, paralelo ao já identificado e distando dele cerca de 70cm, de menor espessura embora com características construtivas semelhantes. Ambos os muros se encontravam apenas ao nível dos alicerces, mas ainda se conservavam pequenos muretes que os uniam perpendicularmente, bem como o enchimento entre os dois, de terra e pedras. Verificou-se deste modo que a Muralha de Contra-Escarpa seria constituída pelo conjunto dos dois paramentos, perfazendo uma largura total de 2,10m. A utilização desta técnica conferia à muralha uma maior resistência aos impactos provocados pelos projécteis, funcionando a terra existente entre as duas estruturas como elemento absorvente da energia dos impactos.
Responsáveis pelo Projecto: Nuno Neto e Tiago Fontes