Trabalhos de sondagem de diagnóstico arqueológico e subsequente acompanhamento arqueológico realizados na Rua do Sol a Santana, nº 2, em Lisboa. Conforme enunciado no plano de trabalhos, os trabalhos de diagnóstico arqueológico foram efectuadas numa fase inicial da obra, depois de realizadas as limpezas necessárias à implantação das sondagens, bem como algumas demolições de pisos e paredes dos andares superiores que constituam perigo eminente para a realização dos trabalhos de arqueologia.
A área em estudo localiza-se na Freguesia de Arroios (antiga Freguesia da Pena), junto ao Campo dos Mártires da Pátria ou Campo Santana. O edifício em questão localiza-se em área de potencial arqueológico de nível II, englobada pelos limites do Campo dos Mártires da Pátria, também denominado «Campo Santana», incluindo as suas vizinhanças de interesse histórico, artístico ou pitoresco, classificado como Imóvel de Interesse Público pelo Decreto n.º 2/96, DR, I Série-B, n.º 56, de 6-03-1996. Está também muito próximo da Zona Geral de Protecção do Aqueduto das Águas Livres, classificado como Monumento Nacional pelo Decreto n.º 5/2002, DR, I Série-B. n.º 42, de 19-02-2002 / Decreto de 16-06-1910, DG, n.º 136, de 23-06-1910
Na sequência de obras de reabilitação e ampliação do referido imóvel, foi solicitada pela DGPC a realização de trabalhos arqueológicos prévios na área onde se realizarão afectações de subsolo. O projecto prevê o licenciamento de um imóvel para habitação correspondente à totalidade da área já existente. O edifício em causa insere-se numa zona urbana consolidada em termos de construções vizinhas, com prédios anexos.
Assim sendo, os trabalhos efectuados tiveram como principal objectivo o registo e caracterização de contextos arqueológicos conservados no subsolo da área a afectar pela execução da construção, no sentido de determinar a necessidade de implementação de medidas preventivas adicionais em fase de obra. Os trabalhos arqueológicos, em fase plena de obra, consistiram no acompanhamento arqueológico de todas as movimentações de terras. Com efeito, com este relatório pretende-se apresentar a descrição dos trabalhos realizados, bem como da metodologia adoptada e os dados recolhidos.
Os trabalhos foram autorizados pela DGPC através do ofício nº S-2016/405594 (C.S. 1120393), datado de 09/08/2016, referente ao Processo nº 201671(272) (C.S. 148612).
Os trabalhos arqueológicos efectuados permitiram identificar uma série de contextos de época contemporânea que se fundam em depósitos de época moderna, directamente assentes no substrato geológico, sem qualquer vestígio de outra ocupação.
As sondagens 1 e 3 foram as menos relevantes do ponto de vista arqueológico, uma vez que só se identificou o traçado de um possível caneiro de época contemporânea, algumas afectações, valas e outros interfaces no subsolo virgem e pisos em betão, sendo na sua maior parte episódios de época contemporânea.
A sondagem 2, onde surgiu uma calçada datável entre o século XVIII e o século XIX, denota a existência, nos seus limites, de muros de uma fase anterior do edifício, mostrando uma antecedência de época moderna (sécs. XVII-XVIII) para o mesmo. A estratigrafia arqueológica revelou-se bastante complexa, com variadas afectações, consubstanciadas em valas e outros pequenos interfaces de implantação de várias canalizações, ao longo de diferentes momentos da época contemporânea, do séc. XIX até aos nossos dias.
Durante o acompanhamento, além da identificação da continuidade da calçada na vala 3, registou-se um poço, associado à construção do actual edifício em época pombalina, como parece também apontar a planta de 1780, para a cidade de Lisboa. A calçada e o poço localizam-se na zona NO do edifício, podendo ter alguma relação de contemporaneidade. Em ambos os casos, como se disse, sofreram afectações, resultantes da instalação de diferentes redes de esgoto ou circulação de água, de vários momentos de época contemporânea.