Objectivos: Procurou-se o minimizar de impactes sobre o património arqueológico decorrentes da execução da barragem da Amoreira, procedendo-se a trabalhos de escavação arqueológica de várias estruturas em negativo tipo “fossa”.
Trabalhos: Os vários sectores intervencionados revelaram a presença de três estruturas em negativo tipo “fossa”. Encontravam-se escavadas nos caliços macios, tendo sido em parte cortadas aquando da abertura de um caminho de acesso. È de destacar o registo de uma inumação humana na posição fetal em decubitus dorsal, virada para nascente.
Materiais: Os trabalhos em Corça 2 permitiram reconhecer aquilo que, à primeira vista, parece constituir duas realidades diacrónicas distintas. Em duas das bolsas recolheram-se vários fragmentos de taças carenas associadas a pratos de bordo espessado, normalmente designados de bordo almendrado. Este tipo de associação artefactual é cronologicamente indiciadora do Neolítico final /Calcolítico inicial. Já o espólio associado aos contextos de colmatação da bolsa que continha a inumação humana apresentou-se muito pobre: para além de alguns fragmentos de cerâmica amorfa e alguns elementos em pedra lascada de quartzo (matéria-prima local), destaca-se um seixo percutor associado ao nível da inumação, encontrando-se depositado junto à parede SO da fossa, podendo tratar-se de um elemento de carácter votivo. O único elemento material que veio a permitir uma aproximação crono-cultural, foi um pequeno fragmento de cerâmica com ornatos brunidos.
Resultados: Os trabalhos em Corça 2, levaram à escavação de três bolsas cuja cultura artefactual indica uma ocupação do Neolítico final/Calcolítico inicial ao Bronze final. Numa primeira análise não nos parece que estejamos perante uma ocupação continuada, mas sim dois momentos distintos, no entanto, só o surgir de novos dados poderá levar a uma melhor percepção da estratégia de ocupação do sítio de Corça 2.
Responsáveis pelo Projeto: Paulo Rebelo, Raquel Santos e Nuno Neto